Lei de Darwin

Iago Martins
2 min readAug 27, 2022

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Gustave Caillebotte, “As Laranjeiras”, 1878.

Ainda que a terra seja fundamental para a formação da vegetação, nem toda terra é feita para todo vegetal. Não será no local das Orquídeas em que florescerão sempre as Tulipas. Assim se segue quanto ao reino animal: o pinguim não se dá bem com o calor que faz por aqui, por exemplo. E o mesmo sucede a nós, humanos.

Aquele sorriso que me trazia sorriso se abria, bem como a delicadeza de uma bela flor de Lírio molhada pelo orvalho e beijada por aquele passarinho que levava minha mensagem aos quatro cantos — a exigência dobrada: quero-quero — , logo antes de o Sol despontar e, enfim, surgir o amanhecer. Fato esse que vinha a alagar meus olhos. O choro de alegria não é nada além do que a emoção que transborda.

Emoção essa que, hoje, fica apenas na recordação e me faz sentir saudades de fazer o L, seja com um gesto na mão, seja proclamando com os meus lábios, e, enfim, voltar a seguir tranquilo na viagem comum a todos, para o futuro, com uma aceleração de sessenta segundos por minuto.

O coração, como uma penumbra demorada, busca a fulgura que suponho merecer. Me aquieto, ou tento, medicando a dor que inflama meu peito enrijecido usando algum líquido barato qualquer de cor ambarada que me serve de analgésico. Cena penosa que retrata bem como disse o grande Alberto Nepomuceno: que o frio do inverno transforma aquela que fora a mais turbulenta água em pedra dura. E outra vez espero amanhecer, na expectativa de que os raios do Sol aqueçam e amoleçam esse coração. Para que retorne a onomatopeia que reflete meu querer: tu-tu, tu-tu, tu-tu

Mas deixemos de lado onde se encerra cada um de nós e estão reservadas nossas mazelas. Voltemos a pensar onde se encontra o primeiro motor que faz mover essa sociedade de um homem só.

Retomemos a sensação de renovação que é comum a cada um de nós ao passo em que progredimos para uma melhoria egóica — por quê não? — . Larguemos essa melancolia por algum instante e busquemos de volta a vez da alegria que se estampa no corado do nosso rosto.

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Written by Iago Martins

Fortaleza — CE. Sancta Crux, spes unica.

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